AS FORÇAS DO AMOR , DE EROS E DA SEXUALIDADE
Neste
artigo vamos examinar três forças específicas do Universo : a força do
amor , do modo como se manifesta entre os sexos , a força erótica e a
força sexual. São três princípios ou forças notadamente diferentes que
se manifestam de forma diversa em todos os planos , do mais elevado ao
mais baixo. A humanidade sempre confundiu os três. De fato , é pouco
sabido que existem três forças separadas e quais são as diferenças entre
elas. Há tanta confusão a esse respeito , que será muito útil
esclarecer esta questão.
O SIGNIFICADO ESPIRITUAL DA FORÇA ERÓTICA
A
força erótica é uma das mais poderosas forças existentes e apresenta um
certo momentum e impacto. Seu propósito é fazer a ponte entre o sexo e o
amor , embora raramente o faça. Numa pessoa altamente desenvolvida do
ponto de vista espiritual , a força erótica transporta a entidade da
experiência erótica , que em si mesma é de curta duração , para um
estado permanente de amor puro. No entanto , mesmo o momentum da força
erótica transporta a alma só até ali , e não mais adiante. Ela está
fadada a dissolver-se caso a personalidade não aprenda a amar ,
cultivando todas as qualidades e requisitos necessários para o
verdadeiro amor. Só quando se aprende a amar é que a centelha da força
continua viva. Em si mesma , sem amor , a força erótica se esgota. Este ,
naturalmente , é o problema do casamento. Como a maioria das pessoas é
incapaz do amor puro , também é incapaz de atingir o casamento ideal.
Eros , sob muitos aspectos , assemelha-se ao amor. Ele traz à tona impulsos que
, de outra forma , o ser humano não sentiria : impulsos de altruísmo e
afeto que a pessoa , anteriormente , talvez fosse incapaz de ter. É por
isso que Eros tantas vezes é confundido com amor. Mas Eros é confundido
com a mesma freqüência com o instinto sexual , que também se manifesta
como um forte desejo.
Vamos
mostrar qual o significado e a finalidade espiritual da força erótica ,
principalmente no que diz respeito à humanidade. Sem Eros , muitas
pessoas jamais experimentariam o grande sentimento e a beleza contidos
no amor verdadeiro. Elas jamais poderiam prová-lo , e o anseio de amar
permaneceria profundamente enterrado em sua alma. Seu medo do amor seria
mais forte que o desejo.
Eros
é a experiência mais próxima do amor que o espírito não-desenvolvido
pode ter. Ele eleva a alma , tirando-a da apatia , do mero contentamento
e do estado vegetativo. Eros faz com que a alma se agite , buscando o
exterior. Tomada por essa força , até a pessoa mais subdesenvolvida
torna-se capaz de se superar. Até mesmo um criminoso tem durante algum
tempo , pelo menos com relação a alguém , um sentimento de bondade que
jamais conhecera. Enquanto dura esse sentimento , o egoísta rematado tem
impulsos altruístas. Os acomodados saem da inércia. Com naturalidade e
sem esforço , o escravo da rotina livra-se dos hábitos fixos.
A
força erótica faz com que a pessoa fique num plano acima da separação ,
mesmo que seja por um curto período. Eros proporciona à alma o antegozo
da união , que a psique , com medo , passa a desejar. Quanto mais forte
a experiência de Eros , menos satisfação encontra a alma na
pseudosegurança da separação. Até a pessoa sob outros aspectos
totalmente concentrada em si mesma , é capaz de fazer um sacrifício
durante sua experiência de Eros. Portanto , vocês vêem que Eros capacita
a pessoa a fazer coisas para as quais normalmente ela não tem
inclinação ; coisas estreitamente associadas ao amor. É fácil entender
por que Eros tantas vezes é confundido com o amor.
A DIFERENÇA ENTRE EROS E O AMOR
No
que , então , Eros difere do amor ? O amor é um estado permanente da
alma ; Eros , não. O amor só pode existir se o seu alicerce for
preparado por meio do desenvolvimento e da purificação. O amor não vai e
vem ao acaso ; Eros , sim. Eros atinge com força súbita , muitas vezes
pegando a pessoa desprevenida e até mesmo não predisposta a passar pela
experiência. Só quando a alma está pronta para amar e já construiu o
alicerce do amor é que Eros se torna a ponte para o amor manifesto entre
o casal.
Assim
, pode-se ver como é importante a força erótica. Sem que ela atinja e
tire vocês da rotina , muitos seres humanos jamais estariam prontos para
procurar , com mais consciência , derrubar as barreiras que os separam.
A experiência erótica lança na alma uma semente e faz com que ela
anseie pela unidade , que é a grande meta no plano da salvação. Enquanto
a alma está separada , o quinhão que lhe cabe é o isolamento e a
infelicidade. A experiência erótica permite que a personalidade anseie
pela união com pelo menos um outro ser. Nas alturas do mundo espiritual ,
existe união entre todos os seres – e , assim , com o Criador. Na
esfera terrena , a força erótica é uma força propulsora ,
independentemente de o seu verdadeiro significado ser ou não entendido.
Isso acontece mesmo que frequentemente ela seja mal usada e desfrutada
em si mesma , enquanto dura. Ela não é utilizada para cultivar o amor na
alma , e por isso fenece. Não obstante , seu efeito permanece
inevitavelmente na alma.
O MEDO DE EROS E O MEDO DO AMOR
Eros
sobrevém subitamente em determinados estágios da vida , mesmo para os
que receiam o aparente risco que significa aventurar-se e sair da
separação. As pessoas que têm medo das próprias emoções e da vida como
tal , muitas vezes fazem tudo o que podem para evitar – de modo
inconsciente e ignorante – a grande experiência da unidade. Embora esse
medo esteja presente em muitos seres humanos , muito poucos não tiveram a
experiência de certa inclinação da alma , permitindo um contato com
Eros. Para a alma dominada pelo medo , que resiste à experiência , este é
um bom remédio , apesar da mágoa e da perda que podem se seguir por
causa de outras complicações psicológicas. No entanto , também existem
pessoas excessivamente emotivas que , embora possam ter outros medos na
vida , não receiam esta experiência em especial. De fato , a beleza
desta experiência exerce forte atração sobre essas pessoas , que a
buscam avidamente. Voltam-se para uma série de indivíduos , pois , do
ponto de vista emocional , são ignorantes demais para entender o
profundo significado de Eros. Não se dispõem a aprender o amor puro ;
simplesmente usam a força erótica para o prazer e , quando este se
esgota , buscam-no em outra parte. Trata-se de um abuso , que não pode
prosseguir sem más conseqüências. Uma pessoa desse tipo precisará
corrigir o abuso – mesmo quando cometido por ignorância. Da mesma forma ,
o covarde , o medroso demais , precisará compensar a tentativa de
fraudar a vida , escondendo-se de Eros e , assim , negando à alma um
remédio valioso , desde que usado corretamente. A maioria das pessoas
dessa categoria tem na alma um ponto vulnerável que permite a entrada de
Eros.
Também
existe um pequeno número de pessoas que cercaram a alma com uma
barreira tão sólida de medo e orgulho , que evitam inteiramente esse
aspecto da experiência de vida e
, dessa forma , prejudicam o próprio desenvolvimento. O medo pode
existir porque , numa vida anterior , houve experiências infelizes com
Eros , ou talvez porque a alma ávida abusou da beleza da força erótica ,
sem transformá-la em amor. Em qualquer um dos casos , a personalidade
pode ter decidido ser mais cautelosa. Se essa decisão for radical demais
ou severa demais , virá em seguida o extremo oposto. Na próxima
encarnação , serão escolhidas circunstâncias propícias ao equilíbrio ,
até a alma atingir um estado harmonioso em que não haja mais extremos.
Esse equilíbrio em encarnações futuras sempre se aplica a todos os
aspectos da personalidade. Para chegar pelo menos perto da harmonia , é
preciso conseguir o devido equilíbrio entre razão , emoção e vontade.
A
experiência erótica muitas vezes se combina com o impulso sexual , mas
nem sempre precisa ser assim. Essas três forças – amor , Eros e
sexualidade – muitas vezes aparecem totalmente separadas , enquanto às
vezes duas delas se combinam , como Eros e sexualidade , ou Eros e amor
, na medida em que a alma é capaz de amor , ou de sexualidade e
aparência de amor. Somente nos casos ideais essas três forças se
combinam harmoniosamente.
A FORÇA SEXUAL
A
força sexual é a força criadora em qualquer plano de existência. Nas
esferas superiores , essa mesma força cria a vida espiritual , as idéias
espirituais , os conceitos e princípios espirituais. Nos planos
inferiores , a força sexual pura e não espiritualizada cria a vida à
medida que ela se manifesta nessa esfera em especial ; cria a casca
exterior , ou o veículo da entidade destinada a viver naquela esfera.
A
força sexual pura é totalmente egoísta. O sexo sem Eros e sem amor é
chamado de animalesco. O sexo puro existe em todas as criaturas vivas :
nos animais , nas plantas e os minerais. Eros começa com o estágio de
desenvolvimento em que a alma encarna como ser humano. E o amor puro é
encontrado nos reinos espirituais superiores. Isto não significa que
Eros e sexo não existem nos seres de desenvolvimento superior , mas sim
que os três se misturam harmoniosamente , são aprimorados e tornam-se
cada vez menos egoístas. Também não quero dizer que o ser humano não
deva tentar conseguir uma mistura harmoniosa dessas três forças.
Em
casos raros , Eros sozinho , sem sexo e sem amor , existe por um
período limitado. Este fenômeno é comumente denominado amor platônico.
No entanto , mais cedo ou mias tarde , Eros e sexo se fundem na pessoa
razoavelmente saudável. A força sexual , em vez de ser eliminada , é
incorporada à força erótica , e ambas fluem em uma só corrente. Quanto
mais as três forças permanecem separadas , menos saudável é a
personalidade.
Outra
combinação freqüente , principalmente em relacionamentos prolongados , é
a coexistência do autêntico amor com sexo, mas sem Eros. Embora o amor
não possa ser perfeito se não houver uma combinação das três forças ,
existe certa dose de afeto , companheirismo , amizade , respeito mútuo e
um relacionamento sexual apenas sexual , sem a centelha erótica que
desapareceu há algum tempo. Quando Eros está ausente , o relacionamento
sexual acaba sofrendo. Este é o problema da maioria dos casamentos. É
difícil encontrar um ser humano que não fique desorientado diante da
questão do que fazer para manter no relacionamento essa chama que parece
fenecer à medida que se instala o hábito e a familiaridade com o outro.
Talvez vocês não tenham enunciado a pergunta em termos de três forças
distintas , mas sabem e sentem que falta no casamento alguma coisa que
estava presente no início ; a chama é , na verdade , Eros. Vocês se vêem
num círculo vicioso , achando que o casamento é uma proposta sem
solução. Mas pode atingir um nível que pode ser considerado ideal.
A PARCERIA IDEAL DO AMOR
Na
parceria amorosa ideal entre duas pessoas , é preciso que as três
forças estejam representadas. Com o amor parece que vocês não têm muita
dificuldade , pois na maioria dos casos as pessoas não se casam se não
houver pelo menos a disposição de amar. Não vou discutir , a esta altura
, os casos extremos em que isso não acontece. Estou examinando o
relacionamento em que foi tomada uma decisão madura , e, no entanto , os
parceiros não conseguem evitar a armadilha que os prende ao tempo e aos
hábitos , porque o esquivo Eros desapareceu. Com o sexo , a questão é
em grande parte igual. A força sexual está presente na maioria dos seres
humanos saudáveis e só pode começar a declinar – principalmente nas
mulheres – quando Eros se vai. Os homens , então , podem procurar Eros
em outro lugar . Pois o relacionamento sexual acaba sofrendo se Eros não
for mantido.
O
que fazer para manter Eros ? Está é a grande questão. Eros só pode ser
mantido se for usado como ponte para a verdadeira parceria amorosa , no
sentido mais elevado. Como isso acontece ?
A BUSCA DA OUTRA ALMA
Primeiro
, vamos examinar o principal elemento da força erótica. Ao analisá-lo ,
vocês descobrirão que é a aventura , a busca do conhecimento de outra
alma. Esse desejo vive em todo espírito criado. A força vital inerente
precisa , no fim , tirar a entidade de seu estado de separação. Eros
fortalece a curiosidade pelo outro ser. Enquanto
houver algo de novo para descobrir na outra alma , e enquanto vocês se
revelam. Eros vive. No momento em que vocês acreditam que descobriram
tudo o que há para descobrir , e que revelaram tudo o que há para
revelar. Eros parte. Com Eros , é simplesmente assim. Mas o grande erro é
acreditar que há um limite para a revelação de qualquer alma , sua ou
do outro. Quando se atinge determinado ponto de revelação , normalmente
bastante superficial , vocês têm a impressão de que isso é tudo , e
acomodam-se numa vida plácida , sem outras buscas.
Eros
, com seu forte impacto , levou você até esse ponto. Mas daí em diante ,
a vontade de continuar buscando as profundezas sem limites do outro e ,
voluntariamente , revelar e expor a sua própria busca interior ,
determina se vocês usaram ou não o Eros como ponte para o amor – o que
por seu turno , é sempre determinado pela vontade de aprender a amar. Só
assim vocês manterão a chama de Eros no amor. Só assim vocês
continuarão a descobrir o outro e a permitir que ele os descubra. Não há
limite , pois a alma é infinita , é eterna : toda uma vida não seria
suficiente para conhecê-la.
É
impossível chegar a um ponto em que vocês conhecem totalmente a outra
alma ou que ficam totalmente conhecidos. A alma é viva , e nada do que é
vivo permanece estático. Ela tem a capacidade de revelar camadas ainda
mais profundas. A alma também está em constante mudança e movimento
,como é da própria natureza de tudo o que é espiritual. Espírito
significa vida , e vida significa mudança. Como a alma é espírito , ela
jamais pode ser conhecida na sua totalidade. Se as pessoas fossem sábias
, perceberiam esse fato e fariam do casamento a maravilhosa jornada de
aventura que ele deve ser , em vez de se deixarem levar apenas até onde
vai o impulso inicial de Eros. Vocês deveriam usar esse poderoso
momentum de Eros como impulso inicial , e depois encontrar , por meio
dele , o ímpeto para prosseguir por conta própria. Nesse momento , Eros
se incorpora ao verdadeiro amor do casamento.
AS ARMADILHAS DO CASAMENTO
Por
trás da instituição do casamento existe um propósito divino que não se
limita à mera procriação. Esta é apenas um detalhe. A idéia espiritual
do casamento é deixar que a alma se revele e se empenhe na busca
constante do outro , para descobrir constantemente novos prismas do
outro ser. Quanto mais isso acontece , mais feliz é o casamento , mais
firmes e seguras serão as suas raízes , e menos sujeito ele fica a um
final infeliz. Ele terá , então , preenchido sua finalidade espiritual.
Na
prática , contudo , dificilmente o casamento funciona assim. Atinge-se
determinado grau de familiaridade e conduta habitual , em que um acha
que conhece o outro. Nem sequer ocorre ao parceiro que ele só conhece
algumas facetas do outro , mas isso é tudo. Essa busca do outro , bem
como da auto-revelação , exige atividade interior e vigilância. Mas como
a inatividade interior é uma tentação freqüente , enquanto a atividade
exterior pode ficar mais forte como forma de compensação , as pessoas
são induzidas a mergulhar num estado de repouso , acalentando a ilusão
de já conhecerem completamente o outro. Esta é a armadilha. No pior dos
casos , é o começo do fim ; no melhor dos casos , é um acordo que deixa
um atormentador desejo insatisfeito. A essa altura , o relacionamento
passa a ser estático. Já não está vivo , mesmo que possa ter facetas
muito agradáveis. O hábito é o grande sedutor que empurra para a
acomodação e a inércia , para que não seja mais preciso se esforçar nem
ficar atento.
O
casal pode organizar um relacionamento aparentemente satisfatório que ,
com o passar dos anos , oferece duas possibilidades. A primeira é a
insatisfação aberta e consciente de um ou dos dois parceiros. Pois a
alma precisa lançar-se adiante , descobrir e ser descoberta , para que
possa vencer a separação , a despeito do quanto o outro lado da
personalidade receia a união e é tentado pela inércia. Essa insatisfação
é consciente – embora , na maioria dos casos , sua verdadeira causa
seja ignorada – ou inconsciente. Nas duas eventualidades , a
insatisfação é mais forte que a tentação representada pelo conforto da
inércia e da acomodação. O casamento , então , é desfeito , e um dos
parceiros , ou ambos , se iludem acreditando que será diferente com um
novo parceiro , principalmente se Eros tiver feito uma nova investida.
Enquanto esse princípio não for compreendido , a pessoa pode passar de
uma parceria para outra , sendo capaz de manter seus sentimentos apenas
pelo tempo que Eros atua.
A
segunda possibilidade é que a tentação de um simulacro de paz seja mais
forte. Nesse caso , os parceiros podem continuar juntos e podem , sem
dúvida , preencher alguma necessidade juntos , mas uma grande
necessidade insatisfeita sempre fica rondando a alma. Como os homens ,
por natureza , são mais ativos e aventureiros , tendem para a poligamia e
, portanto , são mais tentados pela infidelidade do que as mulheres.
Assim , vocês podem entender qual é o motivo da inclinação dos homens à
infidelidade. As mulheres tendem a ser muito mais acomodadas e ,
portanto , mais preparadas para um acordo. É por isso que tendem à
monogamia. É claro que há exceções , nos dois sexos. Essa infidelidade
muitas vezes é tão desconcertante para o parceiro ativo como para a
“vítima”. Eles não se entendem. O parceiro infiel pode sofrer tanto
quanto aquele cuja confiança foi traída.
Na
situação em que o acordo é a solução escolhida , as duas pessoas caem
na estagnação , pelo menos em um aspecto muito importante do
desenvolvimento da alma. Elas se refugiam na reconfortante estabilidade
do relacionamento. Podem até mesmo acreditar que são felizes , o que
pode ser verdadeiro até certo ponto. As vantagens da amizade , do
companheirismo , do respeito mútuo e a vida agradável da alma , e os
parceiros podem ser suficientemente disciplinados para permanecerem
fiéis um ao outro. Contudo , falta no relacionamento um elemento
importante : a revelação de alma a alma na maior medida possível.
O VERDADEIRO CASAMENTO
Só quando duas pessoas fazem isso é que elas podem ser purificadas juntas e
, assim , ajudar uma à outra. Duas almas desenvolvidas podem
satisfazer-se mutuamente através da revelação e da procura das camadas
profundas da alma do outro. Dessa forma , o que está em cada uma das
almas aflora à mente consciente , ocorrendo a purificação. A chama da
vida , então , é mantida , para que o relacionamento nunca fique
estagnado nem degenere num beco sem saída. Para vocês , que estão nesse
caminho e seguem os vários passos desses ensinamentos , será mais fácil
superar as armadilhas e os perigos do relacionamento conjugal e reparar
os danos que ocorreram inadvertidamente.
Dessa
forma , além de conservar Eros , essa vibrante força vital , vocês
também a transformam em verdadeiro amor. Somente numa verdadeira
parceria entre o amor e Eros é possível descobrir no parceiro novos
níveis de existência até então despercebidos. E vocês mesmos também
serão purificados , na medida em que puserem o orgulho de lado e se
revelarem como realmente são. O relacionamento sempre será novo , a
despeito do quanto acham que já conhecem o parceiro. Todas as máscaras
caem por terra , e não apenas as superficiais , mas até mesmo as mais
profundas , de cuja existência vocês poderiam não ter ciência. O amor ,
então , continuará vivo. Jamais será estático ; jamais irá estagnar.
Vocês nunca precisarão buscá-lo em outro lugar. Existe tanto para ver e
descobrir nesse território da outra alma escolhida , que vocês continuam
a respeitar , mas da qual parece estar ausente a centelha vital que os
uniu no passado. Vocês jamais precisarão ter medo de perder o amor do
ser amado ; esse medo só é justificado para os que , juntos , se abstém
de correr o risco da jornada de auto-revelação. Este , é o casamento na
sua verdadeira acepção , e esta é a única forma em que ele pode ser a
glória que deve ser.
A SEPARAÇÃO
Cada
um de vocês deve refletir profundamente para ver se tem medo de deixar
as quatro paredes do seu isolamento. Existem aquelas pessoas que não
percebem que ficar separado é quase um desejo inconsciente. Com muitos
de vocês , é isso o que ocorre : vocês querem o casamento , porque uma
parte de vocês anseia por ele – e também porque não querem ficar
sozinhos. Pode haver outras razões , bastante superficiais e vãs , para
explicar o profundo anseio da alma. Mas , à parte esse anseio e à parte
os motivos superficiais e egoístas do desejo insatisfeito da parceria ,
precisa haver também disposição para correr o risco da jornada e
aventurar-se na auto-revelação. É preciso que vocês preencham uma parte
integrante da vida – se não nesta vida , em vidas futuras.
Se
você estiver sozinho , poderá , com esse conhecimento e com essa
verdade , reparar o dano que causou à própria alma , abrigando conceitos
errados no inconsciente. Talvez você descubra o medo de se lançar com o
outro na aventura da grande jornada ,o que explicaria o fato de estar
sozinho. Essa compreensão deve mostrar-se útil e pode até possibilitar
uma mudança das emoções suficiente para mudar também sua vida externa.
Depende de você. Quem não estiver disposto a correr o risco dessa grande
aventura não pode ter êxito na maior felicidade que a humanidade
conhece – o casamento.
A ESCOLHA DO PARCEIRO
Só
quando vocês estiverem assim preparados poderão , diante do amor , da
vida e do outro ser , conceder ao ser amado a maior das dádivas : o
verdadeiro Eu. E , então , receberão inevitavelmente a mesma dádiva do
ser amado. Mas , para isso , é preciso que exista certo grau de
maturidade espiritual e emocional. Se essa maturidade estiver presente ,
vocês escolherão intuitivamente o parceiro certo , alguém que , em
essência , tem a mesma maturidade e preparo para iniciar essa jornada.
Cada um atrai magneticamente as pessoas e as situações que correspondem
aos seus desejos e medos inconscientes. Vocês sabem disso.
A
humanidade no seu todo está muito longe desse ideal do casamento de eus
autênticos ; porém , isso não altera a idéia nem o ideal. Nesse ínterim
, é preciso aprender a tirar o melhor partido da situação. Aqueles que ,
felizmente , já estão nesse caminho podem aprender muita coisa ,
independentemente do quanto já tenham avançado – mesmo que seja apenas o
conhecimento da razão por que não conseguem concretizar a felicidade
que uma parte da alma deseja. Descobrir esse fato já é um grande passo e
permitirá que vocês , nesta vida ou em vidas futuras , cheguem mais
perto da concretização dos seus anseios. Qualquer que seja a
situação em que se encontrem , estejam acompanhados ou sozinhos ,
sondem o coração : lá está a resposta ao conflito. A resposta precisa
vir de dentro , e com toda a probabilidade está relacionada com o medo ,
com o despreparo e com a ignorância dos fatos. Procurem e vocês
saberão. Saibam que o propósito do Criador para a parceria do amor é a
completa revelação mútua entre duas almas – e não uma revelação parcial.
Para
muitos , a revelação física é fácil. Emocionalmente , a abertura vai
até certo ponto – em geral , até onde Eros leva. Mas , então , vocês
fecham a porta , e nesse momento começam os problemas.
Muitos
não estão dispostos a revelar coisa alguma. Querem continuar sozinhos e
distantes. Não querem passar pela experiência de se revelarem , de
descobrir a alma do outro. Evitam fazê-lo de todas as formas a seu
alcance.
EROS COMO PONTE
Procurem
entender como é importante o princípio erótico na esfera em que vocês
vivem. Ele ajuda muitos que podem estar relutantes e despreparados para a
experiência do amor. É o que vocês chamam de “apaixonar-se” , “ter um
romance”. Por meio de Eros , a personalidade experimenta uma amostra do
que poderia ser o amor ideal. Como eu disse anteriormente , muitos usam
esse sentimento de felicidade com descuido e avidez , não chegando a
atravessar o limiar do verdadeiro amor. O verdadeiro amor exige muito
mais das pessoas , no sentido espiritual. Se não satisfizerem essa
exigência , elas não atingirão a meta pela qual a alma luta. Essa
atitude extremada de sair à cata de romance é tão errada quanto a outra ,
em que nem mesmo a grande força de Eros pode passar pela porta cerrada.
Mas , na maioria dos casos , quando a porta não está firmemente cerrada
, Eros chega até vocês em determinados estágios da vida. O fato de
conseguirem usar Eros como ponte para o amor depende de cada um. Depende
do desenvolvimento , da disposição , da coragem , da humildade , da
capacidade de se revelar.
Você
poderia perguntar : quando eu falo sobre a revelação de uma alma para
outra , está querendo dizer que , num plano superior , é assim que a
alma se revela ao Criador ?
É
a mesma coisa. Mas antes de poder verdadeiramente revelar-se ao Criador
, você precisa aprender a revelar-se a outro ser humano que você ame.
Ao fazê-lo , você também se revela ao Criador . Muitas pessoas querem
começar revelando-se ao Criador pessoal. Entretanto , na verdade , no
fundo de seu coração , essa revelação ao Criador não passa de um
subterfúgio , pois é abstrata e remota. Nenhum ser humano pode ver ou
ouvir o que elas revelam. Elas continuam sozinhas. Não é preciso fazer a
única coisa que parece tão arriscada , que requer tanta humildade e ,
assim , ameaça ser humilhante. Ao se revelar ao outro ser humano , você
realiza muita coisa que não pode ser realizada por meio da revelação ao
Criador , que de qualquer forma já conhece você e , na verdade , não
precisa da sua revelação.
Quando
você encontra e conhece outra alma , cumpre o seu destino. Quando você
encontra outra alma , encontra também outra partícula do Criador e , se
você revela a sua própria alma , revelará uma partícula do Criador e
dará algo divino ao outro. Quando Eros vem ao seu encontro , ele o eleva
bem alto , para que você sinta e saiba o que , no seu íntimo , anseia
por essa experiência e o que é o seu verdadeiro Eu , que deseja
revelar-se. Sem Eros , você tem ciência apenas das camadas externas
acomodadas.
Não
evite Eros , quando ele quiser ir ao seu encontro. Se você entender a
idéia espiritual que está por trás dele , poderá usá-lo com sabedoria .
Seu eu-Criador será capaz , então , de guiá-lo e capacitá-lo a ajudar da
melhor forma a outro ser humano e a si mesmo , no caminho do verdadeiro
amor , do qual a purificação deve ser parte integrante. Embora o seu
trabalho de purificação por meio do relacionamento de compromisso
profundo se manifeste de forma diferente do trabalho neste caminho , ele
o ajudará a fazer uma purificação da mesma ordem.
Outra pergunta que poderia ser feita é sobre a poligamia : se ela está de acordo com a lei espiritual ou não.
Não
, com certeza não está . Quando alguém acha que a poligamia pode estar
de acordo com o esquema do desenvolvimento espiritual , trata-se de um
subterfúgio. A personalidade está em busca do parceiro certo. Ou a
pessoa é imatura demais para encontrar o parceiro certo , ou o parceiro
certo está ali e a pessoa
polígama está simplesmente se deixando levar pelo momentum do Eros , sem
jamais elevar essa força até o amor volitivo que exige superação e
esforço para ultrapassar o limiar mencionado acima.
Em
casos como esse , quem tem a personalidade “aventureira” está em
constante busca , sempre encontrando outra parte do seu ser , sempre
revelando-se apenas até certo ponto , e não mais , ou talvez revelando ,
a cada vez , outra faceta de sua personalidade. No entanto , quando se
trata do núcleo interior , a porta está fechada. Eros , então , parte e
começa uma nova busca. Cada ocasião é uma decepção que só pode ser
entendida quando essas verdades são captadas.
O
instinto sexual bruto também entra no anseio por essa grande jornada ,
mas a satisfação sexual começa a ser prejudicada quando o relacionamento
não é mantido no nível que estou mostrando. Essa satisfação , de fato ,
é inexoravelmente de curta duração. Não existe riqueza em revelar-se a
muitos. Nesses casos , ou a pessoa revela repetidamente as mesmas coisas
para novos parceiros ou , como eu disse anteriormente , exibe
diferentes facetas da sua personalidade . Quanto maior o número de
parceiros com os quais você se divide , menos dá a cada um. Isso é
inevitável. Não pode ser diferente.
Algumas
pessoas acreditam que podem eliminar o sexo , Eros e o desejo por um
parceiro , vivendo totalmente para o amor da humanidade. Então , vamos
analisar : é possível um homem ou uma mulher renunciarem a essa parte da vida ?
É
possível , mas sem dúvida não é saudável , nem sincero . Eu poderia
dizer que talvez exista uma pessoa em dez milhões que tenha uma tarefa
dessas. Isso pode ser possível. Pode ser o karma de uma alma específica ,
que já desenvolveu até esse ponto , que já passou pela experiência da
verdadeira parceria e veio para uma missão específica. Também pode haver
algumas dívidas kármicas que precisam ser pagas. Na maioria dos casos –
evitar a parceria não é saudável. É uma fuga. A verdadeira razão disso é
o medo do amor , o medo da experiência de vida , mas a renúncia medrosa
é racionalizada como sendo um sacrifício. Para qualquer pessoa que me
procurasse com esse problema , eu diria “Examine-se melhor. Vá além das
camadas superficiais do raciocínio e das explicações conscientes para a
sua atitude a esse respeito. Tente descobrir se você tem medo do amor e
da decepção. Não é mais confortável viver apenas para si e não ter
dificuldades ? Não é isto , na verdade , o que você sente no fundo e
quer disfarçar com outras razões ? O grande trabalho humanitário que
você quer executar pode ser para uma causa realmente meritória , mas
você acredita de fato que uma coisa exclui a outra ? Não
é muito mais provável que a grande tarefa que você reivindicou para si
seria mais bem executada se você também aprendesse o amor pessoal ?”
Se
todas essas perguntas fossem respondidas com sinceridade , a pessoa
seria obrigada a ver do que está fugindo. O amor e o preenchimento
pessoais são o destino da maioria dos homens e mulheres , pois há muita
coisa que só pode ser aprendida por meio do amor pessoal , e não por
algum outro meio. Formar um relacionamento sólido e durável pelo
casamento é a maior vitória que um ser humano pode conquistar , pois é
uma das coisas mais difíceis que existem , como bem se pode ver no seu
mundo. Essa experiência de vida leva a alma mais perto do Criador do que
as boas ações desinteressadas.
Também
podemos pensar : o celibato é considerado uma forma altamente
espiritualizada de desenvolvimento , de acordo com algumas seitas
realizadas. Por outro lado , a poligamia também é admitida em algumas
religiões – por exemplo entre os mórmons. O problema é como justificar
essas atitudes por parte das pessoas que supostamente buscam a união com
o Criador.
Há
falhas humanas em todas as religiões . Em uma religião pode haver um
tipo de erro ; em outras religiões , outro tipo. Aqui , temos dois
extremos. Quando dogmas ou regras como essas passam a existir nas várias
religiões , seja em um ou em outro extremo , trata-se sempre de uma
racionalização , de um subterfúgio a que a alma individual
constantemente ocorre. É uma tentativa de descartar , com boas
motivações , as contracorrentes da alma com medo ou cobiçosa.
Há
uma crença comum de que tudo o que diga respeito à sexualidade é
pecaminoso. Não é assim. O instinto sexual já aparece no bebê. Quanto
mais imatura for a criatura , tanto mais a sexualidade estará separada
do amor , sendo , portanto , mais egoísta. Qualquer coisa sem amor é
“pecaminosa” , se você quiser usar essa palavra. Nada que se associe ao
amor é errado – ou pecaminoso.
Na
criança em crescimento , naturalmente imatura , o impulso sexual a
princípio se manifesta de modo egoísta. Apenas quando a personalidade
como um todo cresce e amadurece harmoniosamente é que o sexo passa a
integrar-se ao amor. Por ignorância , a humanidade acredita há muito
tempo que o sexo , em si , é pecaminoso. Portanto , ele foi mantido
oculto , e essa parte da personalidade não pode crescer. Nada que
permaneça oculto pode crescer ; vocês sabem disso. Portanto , mesmo em
muitos adultos , o sexo permanece infantil e apartado do amor. Isto ,
por sua vez , levou a humanidade a acreditar que a sexualidade é um
pecado e que a pessoa verdadeiramente espiritualizada deve abster-se
dele. Esta é a origem de um desses círculos viciosos frequentemente
mencionados.
Graças a crença na natureza pecaminosa do sexo , esse instinto não pode crescer e fundir-se com a força do amor.
Consequentemente
, o sexo , de fato , muitas vezes é egoísta , rude , animalesco e
desprovido de amor. Se as pessoas percebessem – o que está começando a
acontecer cada vez mais – que o instinto sexual é tão natural e
originário do Criador como qualquer outra força universal e que , em si
mesmo , não é mais pecaminoso que qualquer outra força existente , elas
romperiam esse círculo vicioso , e mais seres humanos permitiriam que
seu impulso sexual amadurecesse e se misturasse ao amor – e, aliás ,
também a Eros.
Há
tantas pessoas para as quais o sexo é distinto do amor ! Elas não
apenas ficam com a consciência pesada quando o impulso sexual se
manifesta , como também se julgam incapazes de lidar com os sentimentos
sexuais em relação à pessoa que realmente amam. Devido às condições
distorcidas e ao círculo vicioso que acabamos de descrever , a
humanidade acabou acreditando que não se pode encontrar o Criador quando
se reage ao impulso sexual. Isto é totalmente errado ; não se pode
matar algo que está vivo. Só se
pode esconder , de modo que ele virá à tona de outras formas , que
podem ser muito mais prejudiciais. Só em raríssimos casos a força sexual
é efetivamente sublimada de forma construtiva e faz com que essa
criatividade se manifeste em outros planos . A verdadeira sublimação
jamais pode acontecer quando é motivada pelo medo e usada como fuga.
Também podemos perguntar : como se encaixa nestes contexto , a amizade sincera entre duas pessoas ?
A
amizade é amor fraternal. Ela também pode existir entre um homem e uma
mulher. Eros pode querer se insinuar , mas a razão e a vontade mesmo
assim podem determinar o rumo tomado pelos sentimentos. O discernimento e
o saudável equilíbrio entre razão , emoção e vontade são necessários
para impedir que os sentimentos se encaminhem para um canal inadequado.
Outra pergunta : o divórcio contraria a lei espiritual ?
Não
necessariamente. Não temos regras fixas desse tipo. Há casos em que o
divórcio é uma saída fácil , uma simples fuga. Em outros casos , o
divórcio é razoável , porque a decisão de casar foi
imatura e os dois parceiros não têm vontade de cumprir com a
responsabilidade do casamento no seu verdadeiro sentido. Se apenas um
dos dois , ou nenhum deles , mostrar boa vontade , o divórcio é
preferível a continuarem juntos , transformando o casamento numa farsa. A
menos que ambos queiram empreender juntos esta jornada , é melhor
romper do que deixar que um impeça o crescimento do outro. É claro que
isso acontece . É melhor acabar com um erro do que persistir nele
indefinidamente , sem encontrar um remédio eficaz.
A
generalização de que o divórcio é sempre errado é tão incorreta quanto a
afirmação de que ele é sempre certo. Não se deve , contudo , romper o
casamento levianamente. Mesmo que este tenha sido um erro e não funcione
, deve-se tentar descobrir as razões disso e fazer o possível para
identificar , e talvez superar as turbulências do caminho , desde que as
duas pessoas tenham boa vontade em todos os aspectos. Deve-se ,
certamente , agir com o maior empenho , mesmo que o casamento não seja a
experiência ideal sobre o que foi falado neste artigo. Poucas pessoas
estão suficientemente preparadas e amadurecidas para essa experiência.
Vocês podem preparar-se tentando aproveitar da melhor forma os erros
passados e aprender com eles.
SHAUMBRA e NAMASTÊ !!!
Fonte: http://AndromedaLive.blogspot.com
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