terça-feira, 7 de junho de 2011

LEI do TELHADO BRANCO - Um grau a menos

Lei do telhado branco custará cerca de R$ 380 milhões a São Paulo

 

Vereadores irão votar projeto que obriga que todos telhados sejam pintados de branco; campanha é patrocinada por marcas de tintas


Que transtorno seria se todos os milhões de moradores de São Paulo tivessem de pintar de branco o telhado de suas casas ou edifícios em um prazo de 180 dias? É justamente isso que determina um projeto de lei que tramita na Câmara Municipal e que já foi aprovado em primeira votação pelos vereadores da cidade.

O texto ainda deve ser votado uma segunda vez antes de seguir para a sanção do prefeito. Se aprovada, a nova lei pode custar mais de R$ 380 milhões para a população, segundo cálculos feitos pelo iG.

O vereador Antonio Goulart (PMDB) afirma que baseou seu projeto na campanha One Degree Less (Um Grau a Menos, em inglês), divulgada pela organização não governamental GBC Brasil. A entidade sugere que o uso de telhados brancos nos edifícios pode reduzir os efeitos do aquecimento global e o consumo de energia.



Foto: Divulgação
O músico Toni Garrido é uma das celebridades que apoiam a campanha One Degree Less

Para embasar sua ideia, a ONG divulga estudos do Lawrence Berkeley National Laboratory, vinculado à Universidade da Califórnia, que estimam que 25% da aérea de uma grande cidade sejam ocupados por telhados. A pesquisa também calcula que, a cada 100 m2 de área branca, é possível compensar a emissão de 10 toneladas de CO2 por ano.

A Prefeitura de São Paulo não possui dados sobre a área ocupada por telhados no município. Com base nas estimativas adotadas pela GBC Brasil, os telhados ocupariam 381 km2 da cidade de São Paulo, que tem uma aérea total de 1.523 km2. Assim, o uso de coberturas brancas poderia compensar cerca de 38 milhões de toneladas de gás carbônico ao ano.

Mas, para pintar toda essa aérea de branco, seria necessário mais de 68 milhões de litros de tinta, volume equivalente a 10,5% de toda a tinta branca produzida pelo país em um ano. Os cálculos foram feitos pelo iG com base em informações fornecidas pela Associação Brasileira dos Fabricantes de Tinta (Abrafati).

O Brasil produz 1,083 bilhão de litros de tinta por ano, 60% deste volume é de tinta branca.
Segundo a entidade, uma lata de 18 litros é suficiente para pintar 100 m2 de telhado, superfície que requer tinta premium. Como o preço médio da lata de 18 litros gira em torno de R$ 100 na cidade de São Paulo, o custo para pintar todos os telhados da cidade chegará a R$ 380 milhões, sem considerar despesas com a mão de obra do serviço.


“Se o projeto for aprovado, vai faltar tinta branca na cidade. E o preço deve subir”, afirma Hamilton de França Leite Junior, diretor de sustentabilidade do Secovi (sindicato da habitação).
A campanha One Degree Less é patrocinada por três empresas, entre elas, as fabricantes de tintas Sherwin Williams e Dow Chemical. “É natural que eles tenham interesse em patrocinar a campanha. Mas os fabricantes de tinta não são os únicos patrocinadores. Também temos uma fabricante de motores”, diz Felipe Faria, gerente de relações institucionais da GBC Brasil.

Projeto pode ser alterado

O texto da atual versão do projeto é claro: “os telhados e coberturas das edificações deverão ser de cor branca. (...) As edificações deverão ser adaptadas às disposições desta lei no prazo de 180 dias, contados da data de sua publicação”. Mas o autor do projeto diz que a população não será obrigada a pintar o telhado de branco.

Se não será obrigatório, porque propor a questão na forma de lei e determinar um prazo para adaptação dos edifícios? “O projeto original prevê que os telhados sejam pintados de branco, mas devemos apresentar um texto substitutivo. O trâmite do projeto chamou a atenção para o assunto”, diz Goulart.

O vereador não informou quando apresentará a segunda versão do texto nem que alterações serão feitas. Segundo a assessoria de imprensa da Câmara Municipal, o projeto pode ser incluído a qualquer momento na pauta de votação do dia. A decisão depende de acordos entre as lideranças da Casa.

Fonte: www.iG.com.br

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